A mãe importa
- Gabriela Rocknebach

- 24 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Começo o atendimento a uma nova família. Filho ainda bebê pequeno, pais exaustos pela privação de sono. A demanda: muitos despertares noturnos e dificuldade com as sonecas.
Começamos a mentoria, busco entender o histórico e o cenário atual e já partimos para alguns ajustes bem práticos na organização e condução das atividades de rotina: alimentação, sonecas, sono noturno…
Poucos dias após o primeiro encontro surgem as primeiras dificuldades. Tudo dentro do esperado.
Então começa a emergir o que percebi já desde a conversa inicial: além da exaustão física, há uma exaustão mental e, sobretudo, emocional.
Uma mãe que se empenhou ao máximo para buscar todo conhecimento disponível e que poderia lhe ajudar a ser uma mãe melhor.
Uma mãe que está atenta e analisando cada mínimo detalhe do seu bebê, variações nos seus sinais, no seu comportamento, nos seus padrões.
Uma mãe que se sente extremamente frustrada por, apesar de tanto estudo e empenho, não conseguir entender seu bebê.
Sabe qual foi minha recomendação a essa mãe?
Nosso primeiro objetivo juntas é encontrar a leveza no seu maternar. Encontrar não, construir.
Explico a ela o quanto é desumano relegar a um casal totalmente despreparado, que nunca teve contato com um bebê até então (como são 99,99% dos pais ocidentais contemporâneos) cuidados de um ser humano que depende 200% de adultos para sobreviver.
O quanto é um fardo pesado demais a ilusão que plantam em nós, mulheres, de que o instinto materno vai resolver tudo.
O quanto é cruel nós, mulheres, praticamente ‘escondermos’ o tanto que maternar é desafiador e insanamente exaustivo nos primeiros meses.
E o quanto é enganosa a visão e expectativa que temos sobre cuidar de um bebê antes de termos um de verdade nos braços.
Se você está vivenciando os primeiros meses com um filho nos braços, sinta um abraço bem apertado, meu e de todas as outras mulheres que também se sentem exatamente como você.
Não é só com você. Não há nada errado com você. Você não é uma mãe com defeito de fábrica (nem o seu filho). Você não é um fracasso como mãe.
É apenas cruel que você tenha que cuidar de um bebê (e, a propósito, contribuir para a futura força de trabalho, para a economia and para a humanidade) sozinha dentro de um apartamento contando - no máximo e com sorte - com o apoio de um companheiro ou companheira.
Se você tem uma amiga puérpera, mande esse texto pra ela e aproveite para perguntar o que ela precisa. Já deixo aqui algumas dicas: um ombro amigo, muitas refeições congeladas, uma geral na cozinha, um horário semanal para um passeio, uma ida ao mercado/bar/spa SOZINHA. P.S: Se ela optar pelo ombro amigo, apenas ouça, acolha e valide TODO e QUALQUER sentimento, reclamação, desabafo que ela tiver a fazer. Combinado?

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